Ditadura de volta

Eu, que nasci depois de 1974, não vivi, como é óbvio, o 25 de abril de 1974. Mas sei muito bem que esse dia representou para um povo que forma uma país.

Alguém que esteja mais atento ao que se tem passado nos últimos dois anos em Portugal, pode até pensar que o 25 de abril não existiu - um governo que governa conta tudo e todos (excepto alguns iluminados que vivem à pala dos partidos que compõem o governo - com lugares no governo central, com prestações de serviços às autarquias....).

Todos temos assistido às mais diferentes formas de protesto, mais ou menos organizadas, e que demonstram a generalização do descontentamento com o que se passa num país.

Alguns arautos da sabedoria democrática dirão que porque os órgãos foram eleitos têm toda a legitimidade para fazerem o que bem lhes apetecer. Eu, e milhões de portugueses não pensamos assim - não tivemos o dom da iluminação democrática quando nascemos.

É sabido que a Assembleia da República deveria ser a casa da Democracia. Deveria mas alguns deputados que suportam o governo e mesmo a sua presidente (a reformada), acham que alguém demonstrar o seu desagrado na Casa da Democracia, deve ser crime público - o mesmo que alguém bater numa criança....

Eu que não vivi os tempos da ditadura, porque nasci depois de 1974, penso que considerar um crime público a manifestação de desagrado na Casa da Democracia, se aproxima mais de uma ditadura do que de uma democracia.

Daqui a pouco, os defensores da consideração do crime publico a manifestação nas galerias da Casa da Democracia, aprovarão uma lei que condenará ao fuzilamento quem ouse falar, tossir ou espirrar no Parlamento.... Já faltou mais....

Assim se vê a atuação democrática de 182 deputados na nossa Casa da Democracia...

Tenham vergonha na puta da cara


Jorge Fernandes

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Incêndio em autocarro

Terça feira, 29 de Março de 2011